O sonho de morar fora do Brasil não é masceu agora. É uma coisa que desejo realizar faz tempo. Sempre tive uma admiraçaõ pelo “way of life” americano, pela maneira como vivem em comunidade e pela forma como um cidadão é respeitado no país e sobretudo o orgulho que se tem da própria terra.
Em 1994, como presente, realizei um sonho de criança e passei 15 dias nos EUA, entre Miami, Palm Beach e Orlando, conhecendo, é claro, a Disney. Mesmo por poucos dias, pude viver alguma coisa de uma cidade americana e aquilo me fascinou de tal forma que voltei ao Brasil com a certeza de que um dia ainda iria morar no 1º mundo.
Naquela ocasião, eu tinha apenas 14 anos e de lá pra cá muita coisa aconteceu. Estudei, entrei na faculdade, tornei-me arquiteto, estagiei, trabalhei…enfim, vivi por muito aqui no Brasil tentando sempre acreditar que um dia as coisas iriam melhorar, que um dia as coisas mudariam no país, que um dia nós, cidadãos, seríamos um pouco mais respeitados…enfim, eu sempre acreditei nesse nosso cantinho. Porém, o tempo passou e eu fui vendo que as coisas continuavam as mesma. A miséria cresce em nossas ruas, as diferenças sociais estão cada vez mais evidentes em nossas esquinas e sinais de trânsito, o medo impede até as pessoas de sair na rua! E lá em Brasília, aqueles que deveriam nos dar esperança continuam enriquecendo as nossas custas, rindo e fazendo piada na nossa cara. Nesse processo todo eu fui me perguntando…até quando eu vou aceitar viver assim, com esperanças mas sem perspectivas reais e concretas dessa situação toda melhorar?
No ano de 2006, em meados de maio, deixei o escritório em que trabalhava como arquiteto-colaborador e decidi buscar mais informações e criar as oportunidades para viver fora do país. É curioso, mas durantes esses dias um senhor, com os seus quase 50 e que fazia natação comigo, começou a conversar sobre o Canadá, que o governo de uma provincia deles estava incentivado a imigração de brasileiros para lá, que estavam fazendo palestras em Recife, etc etc. Esse “papinho” caiu como uma luva no que eu estava procurando. Cheguei em casa, entrei na internet e cheguei no site do então Escritório de Imigração do Québec em Buenos Aires, que atendia o Brasil. Para a minha alegria, poucos dias depois haveria uma palestra em Recife e o link ainda aceitava inscrições. Não perdi tempo e registrei-me como interessado em conhecer o que o Québec poderia me oferecer.
Na palestra, que aconteceu no auditório da então Escola Técnica (hoje CEFET-PE), fui apresentado ao Québec pelo Roque Paquette, simpático representante do governo quebequense. Saí de lá com a certeza de que aquela seria a “minha oportunidade” de realizar o que sempre sonhei, de forma organizada, digna e num país que dispensa comentários e que tem um pouco da multiculturalidade brasileira, um pouco do “way of life” americano e um pouco do charme europeu.